Gostaria de agradecer, primeiramente, às pessoas que têm acessado o blog e comentado — mesmo que via msn. — os textos. Fico muito feliz, amigos, e peço que repassem o link para conhecidos, amigos, familiares, enfim, qualquer pessoa que vocês julguem interessantes. Queria também comentar sobre algo engraçado que me foi lembrado por uma amiga ontem a noite. Conversando pelo telefone, ela acabou levantando um fato curioso (que certamente os que acompanham há pouco meus textos não entenderão): a minha recorrência por ônibus.
Fiquei pensando nisso ontem a noite e hoje pela manhã, e sabe... é bem verdade. Volta e meia acabo retratando a realidade dos ônibus. Acho-os fantásticos, verdadeiras miscelâneas de pessoas, estilos, jeitos. Mesmo os mais incômodos (os cheios!) sempre tem algo inusitado ou surpreendente a ser revelado. Por isso, sempre que posso busco algum elemento que vejo no meu cotidiano de transporte coletivo para comentar aqui. Mas, também, espero não cair no clichê de só ficar com os ônibus. Por falar em clichês...
Pseudodigavações, parte II — Clichê de idéias.
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Certo dia, tomado pela curiosidade das línguas afiadas dos outros, os quais me espetam com suas palavras cheias de lâminas de banalidades, fui até guarda-roupa. Não busquei roupa, cueca, calça, camisa, adereço algum. Abri a porta apenas e me deparei com ele: o espelho. Fiquei ali, por longos cinco segundos encarando a figura que se formou e, com um salto, esquivei-me para o lado. Sumi de seu campo de visão. Vim sorrateiramente, de mansinho, como quem não quer nada, chutando uma bolinha de papel, com as mãos entrelaçadas por trás do corpo. Encarei a figura, desfigurei-me.
Perguntam-se, agora, aqueles que leem o porque disso. E eu direi, ou talvez não diga, pois ache desnecessário. A verdade é que cansei de apenas ouvir e resolvi olhar. Resolvi olhar fundo e não só ver aquela capa de adjetivos que todos costumam dar. Alto, magro, baixo, gordo, bonito, feio, que seja... Resolvi tirar aquelas roupas qualitativas dadas pelos outros e encarar-me de frente. Tinha uma perguntinha ecoando na minha cabeça, martelando, martelando tão forte que precisava achar uma resposta: Seria eu um clichê?
Aos que não sabem, vale um parêntese para nosso amigo dicionário:
“Clichê: é uma expressão idiomática que de tão utilizada, se torna previsível. Desgastou-se e perdeu o sentido ou se tornou algo que gera uma reação ruim, algo cansativo em vez de dar o efeito esperado ou simplesmente repetitivo.”
Sim, sim, constatei que ao longo da vida somos “utilizados” tantas vezes que nos tornamos previsíveis, comuns... perdemos o sentido. Resolvi então ir mais a fundo, despi-me dos meus pelos, todos eles, e da minha pele. Virei só carne e osso e então me vi novamente... Tive vontade de fugir como da primeira vez, mas não o fiz, estava precavido. E, depois de um tempo, não foi tão surpreendente ver que não passava de um ser humano comum. Pele e ossos. Ossos e peles. Rótulo. O playboizinho, a patricinha, o esportista, o nerd, o emo, o roqueirinho, o Cult, o imaturo, o maduro, o sem-noção, o calado, o simpático. Rótulos. Clichês.
Rasguei a carne, quebrei os ossos. Precisava ver mais! Tudo se partiu então. A carne virou sangue, os osso farelo, o espelho estilhaços e o guarda-roupa pó de serra. Tudo e nada. Nada e tudo. Restou o quê? Idéias. Idéias estas que ecoavam pelo vazio das coisas que ficaram e reverberavam numa dança incessante, vagavam sem destino no subconsciente. Os clichês? Continuam!
Por fim, coloquei de volta toda minha roupa e notei que os clichês não estão em mim, mas sim nas mesmas línguas afiadas dos outros. E que enfiem suas lâminas de banalidades neles mesmos. Obrigado, agradeço!
Os clichês estão em que vê, é verdade. E é impossível ter você, que é tão diferente do que eu conheço, como um clichê. ;*
ResponderExcluirMuito bom o texto, Thi /o/
ResponderExcluirMas enfim, eu nem ligo pros clichês... porquem depois de milêncios de humanidade, tudo que que impregna a nossa vida, por si só, já se tornou um clichê. Não há quase nada que façamos hoje que já não tenha sido feito ou pensado por outro ser humano, principalmente no que diz respeito à vida rotineira... talvez a exceção disso seja a área científico-tecnológica.
Pois é, eu também percebi que você tem uma tendência a comentar sobre suas desventuras esperando/a bordo dos ônibus, mas, cá entre nós... A gente reclama, reclama, mas até que é divertido. Eu adoro! Ver gente diferente, gente que é gente e não aqueles mesmos rostos de todos os dias...A rotina é um clichê (?). Só não falei do lance dos ônibus pra ti porque.. bah, sei lá, achei desnecessário, além do que, vai que você realmente gostasse mesmo de falar sobre ônibus, seria uma grosseria minha te censurar por causa disso (?)
ResponderExcluirEntão, sobre você ser um clichê... já te disse. Você não é um clichê e não adianta separar carne de osso (pq isso só dá uma bagaça muito feia de juntar depois). Por fora somos todos iguais mesmo, ou relativamente parecidos. Mas é o que está intrínseco a essa estrutura de carne e osso que nos torna distintos. Por isso, antes de perder tempo examinando cada fibra do seu ser esperando encontrar alguma distinção dos demais, olhe para dentro de si mesmo com os olhos da mente e você verá que não existe ser nenhum no mundo igual a você ;D
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